Seguidores deste Blog.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO

'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'
'Fingi ser gari por  1 mês e vivi como um ser invisível'
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da
'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas
enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado
sob esse critério, vira mera sombra social.

Plínio Delphino, Diário de São Paulo.
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou
um mês como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. 
Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres
invisíveis, sem nome'. 
Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição
de sua vida:

'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode
significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o
pesquisador.


O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 
'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, algunsse aproximavam para ensinar o serviço. 
Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro.
Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:
'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.
Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. 
Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo
andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. 
Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
 E depois de um mês trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está
inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. 
Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. 
Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. 
Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. 
Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo
nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.
 *Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

MODELO DE CONTRATO TERAPÊUTICO PARA O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO

NORMAS DE FUNCIONAMENTO:

Temos por finalidade o esclarecimento de alguns critérios básicos que englobam o êxito do tratamento, a fim de estabelecer com esses procedimentos a igualdade de direito e deveres que norteiam nossos interesses comuns.

DO PAGAMENTO
1. Deverá ser efetuado até o dia (cita o dia do mês em curso), onde serão cobrados de acordo com o número de terapias previstas para o paciente durante o mês.
2. No primeiro mês de tratamento o pagamento deverá ser efetuado de acordo com o número de sessões terapêuticas realizadas, em decorrência do período de avaliação.
3. O atendimento é pago como mensalidade, quer venha ou não, a sessão deverá
SER PAGA, ISSO PARA QUE POSSAMOS ASSEGURAR SEU HORÁRIO DE ATENDIMENTO.
4. As sessões com a família ou com profissionais afins serão cobradas.
5. As sessões realizadas fora do espaço terapêutico ( visitas nas escolas e nos contatos profissionais de áreas correlatas0 valar será cobrado em dobro.

DA ASSIDUIDADE
1. O não comparecimento deverá ser informado com antecedência de no mínimo 24 horas, neste caso veremos a possibilidade de reposição.
2. O tempo de duração são de 50 minutos, ficando o atraso na responsabilidade do cliente
3. O não comparecimento sem justificativa por duas sessões consecutivas, implicará, na disponibilidade do horário.
4. Caso o não comparecimento seja do profissional, a sessão não será cobrada ou veremos a possibilidade de reposição.

OBSERVAÇÕES
1. As sessões que incidirem nos dias feriados serão descontadas da mensalidade.
2. É necessário priorizar o dia e horário do seu atendimento, para que outras atividades não venham interferir na terapia.

A SUA DEDICAÇÃO É IMPRESCINDÍVEL

Cordialmente _________________
Psicopedagogo (a)

Estou ciente das normas de funcionamento

Porto Alegre, __ de ___ de___

_________________
NOME DO CLIENTE

_______________
ASSINATURA DO CLIENTE OU RESPONSÁVEL

terça-feira, 10 de maio de 2011

Planejamento e Estratégia...

Receita para a crise...

Uma Parábola...

DEVORAR TODOS OS BOMBONS É UMA ATITUDE
AUTODESTRUTIVA
Normalmente tranquilo e seguro de si, Jonathan Patient parecia um pouco abatido ao deixar uma tensa reunião de ne gócios. Ao entrarna limusine, pôde ver seu motorista enfiando na boca o último pedaço
de hambúrguer coberto com ketchup.
– Arthur, você está comendo o bombom de novo! – disse, em tomde reprovação.
– Bombom? – Arthur ficou surpreso tanto pela rispidez do chefecomo por suas palavras. (O magnata do mercado de tecnologia eraco nhecido por usar e abusar de metáforas.) – Para falar a verdade, era umBig Mac. Não ligo muito para doces. Nem me lembro da última vezque comi um bombom. Deve ter sido na Páscoa...
– Calma, Arthur. Sei que você não estava comendo um bombomde verdade. Só que passei a manhã ao lado de “devoradores de bombons”e fiquei decepcionado ao ver você fazendo a mesma coisa.
– Estou sentindo que vem uma história por aí, Sr. Patient.
– Isso mesmo, Arthur. Vou contá-la a caminho de casa. A
Esperanza está preparando uma magnífica paella, que você adora, se me recordo bem. Pedi a ela que começasse a servir às 13 horas, ouseja, daqui a 20 minutos, o que vai coincidir com o ponto central da
minha história, como você verá.
– Mas o que o bombom tem a ver com isso?
– Paciência, Arthur. Paciência. Logo, logo você vai saber.
Arthur deu partida na luxuosa limusine Lincoln e se embrenhousuavemente no trânsito do centro da cidade. Depois, enfiou o exemplardo New York Times com as palavras cruzadas quase terminadas
no para-sol do lado do carona. Jonathan Patient acomodou-se nobanco de couro traseiro e começou a falar.
– Aos quatro anos, participei de um estudo que mais tarde se tornou bastante conhecido. Não que eu fosse uma criança especial.
Simplesmente tinha a idade certa no momento certo. Meu pai fazia MBA em Stanford, e um de seus professores estava pro curando meninose meninas do pré-escolar para fazer parte de uma experiência
sobre os efeitos da gratificação adiada. Basi camente tratava-se do seguinte: crianças como eu eram deixadas sozinhas numa sala. Umadulto entrava e colocava um bombom na nossa frente. Em seguida,
dizia que precisava sair por 15 minutos e avisava que, se a gente não comesse o doce enquanto ele estivesse fora, ganharia um segundo bombom na sua volta.
– Dois por um. Um investimento com 100% de retorno! Mesmo para uma criança de quatro anos, era uma situação bem in te ressante
– comentou Arthur com humor.
– Com certeza. Mas, aos quatro anos, 15 minutos é um tempo muito longo. E, sem um adulto por perto para dizer não, era muito difícil resistir à tentação – lembrou Jonathan.
– E o senhor comeu o bombom?
– Não, mas fiquei tentado uma dúzia de vezes. Cheguei a lam bê-lo.
Estava morrendo de vontade de saborear aquele bombom. Tentei cantar, dançar, qualquer coisa que me distraísse. De pois do que pareceram horas de espera, a simpática mulher voltou.
– E ela lhe deu mais um bombom?
– Deu sim. E foram os dois melhores bombons que já comi na minha vida.
– E qual era o propósito da experiência? Eles lhe disseram? – perguntou o motorista.
– Não na época. Só vim a saber muitos anos depois. Os mesmos pesquisadores fizeram o possível para encontrar o maior número de “crianças do bombom” – no primeiro estudo éramos cerca de 600, eu
acho – e pediram aos pais que avaliassem os fi lhos em uma série de habilidades e características pessoais.
– E o que seus pais disseram a seu respeito?
– Nada. Eles nunca receberam o questionário. Naquela altura, eu já estava com 14 anos e nós havíamos nos mudado algumas vezes.
Contudo, os pesquisadores encontraram umas 100 “famílias do bombom”, e os resultados foram impressionantes. Descobriram que as crianças que não comeram o doce, e até aquelas que resistiram à
tentação por mais tempo, saíam-se me lhor na escola, tinham mais facilidade para se relacionar socialmente e administravam o estresse melhor que as crianças que devoraram o bombom assim que o adulto saiu da sala. Aqueles que resistiram tiveram mais sucesso do que os que comeram a guloseima.
– Com certeza, o senhor se encaixa na definição dos bem-sucedidos
– disse Arthur. – Mas ainda não entendi como não ter comido
um bombom aos quatro anos poderia transformá-lo em um bilionário da web aos 40.
– É claro que não é uma consequência direta. Mas a capacidade de adiar a gratificação por iniciativa própria provou ser um forte indicador de realização.
– Por quê?
– Vamos voltar ao comentário que eu fiz quando o vi comendo aquele Big Mac. Ou melhor, tente lembrar o que você me disse hoje de manhã sobre a paella da Esperanza. Ela não tinha prometido um
prato caprichado para você comer no almoço?
– Para falar a verdade, ela disse que reservaria a melhor parte para mim, aquela com mais lagosta – revelou Arthur, sorrindo –, mas não era para eu lhe contar.
– E, mesmo com toda essa mordomia, o que você estava fazendo 30 minutos antes de ela lhe servir a melhor paella da cidade?
– Comendo um Big Mac... comendo o bombom! Agora entendi.
Não aguentei esperar pelo almoço e estraguei o apetite com uma coisa que posso ter a qualquer hora.
– Isso mesmo. Preferiu a gratificação instantânea, em vez de esperar por algo que realmente quisesse.
– Puxa vida, o senhor tem toda a razão. Mas ainda não entendi a moral da história. Será que comer ou não comer os bombons tem alguma relação com o fato de o senhor estar sentado no banco traseiro
da limusine, relaxando, enquanto eu estou aqui, dirigindo?
– Arthur, o que posso lhe dizer é que acredito que a capacidade de adiar a gratificação faz toda a diferença do mundo. Ama nhã, no trajeto até o escritório, eu lhe explico um pouco mais sobre a teoria do bombom. Espero você às nove horas. Es tou ansioso pelo almoço delicioso que está me esperando. E você, Arthur? O que vai fazer?
– Ficar longe da Esperanza até que tenha apetite de novo.

Arthur saltou, abriu a porta do carro e depois a da casa para Jonathan Patient. Além de lhe pagar um bom salário, o Sr. Patient lhe ensinara lições valiosas nos últimos cinco anos. Embora ainda não entendesse por que, desconfiava que a teoria do bombom seria a mais importante de todas. Decidido, o mo to rista saiu da propriedade e foi até o mercado mais próximo. Comprou uma caixa de bombons.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Abençoada seja, a paixão de ensinar!

Abençoada seja, a paixão de ensinar
NEI ALBERTO PIES

"Conte-,me, e eu vou esquecer. Mostrou-me, e eu vou te lembrar. Envolva-me, e eu vou entender". (Confúcio)
Vivemos tempos em que é permitido pisotear flores, ignorar pérolas, subjugar pessoas e a mãe natureza. Mas, em especial, também é um tempo em que é permitido menosprezar aquelas e aqueles que, heroicamente, tecem histórias suas, e de outros, construindo o mundo da vida e da sabedoria. Estes são tempos em que aqueles que cuidam, não são cuidados. Aqueles que educam, não são valorizados. Aqueles que amam, sofrem com o deboche e o desprezo daqueles que não acreditam mais no amor.
Somos movidos pelas nossas utopias e paixões. Mas a realidade cotidiana é sempre dura, reveladora e cheia de contradições.
A vida daqueles que denominamos mestres, educadores, professores, infelizmente, também é triste e desmotivada. Sim, logo aqueles e aquelas dos quais a sociedade ainda espera muito (saber, sabor e sabedoria). Pouco valorizados, vivemos tempos em que é permitido pisotear flores, ignorar pérolas, subjugar pessoas e a mãe natureza. Mas, em especial, também é um tempo em que é permitido menosprezar aquelas e aqueles que, heroicamente, tecem histórias suas, e de outros, construindo o mundo da vida e da sabedoria. Estes são tempos em que aqueles que cuidam, não são cuidados. Aqueles que educam, não são valorizados. Aqueles que amam, sofrem com o deboche e o desprezo daqueles que não acreditam mais no amor.

Somos movidos pelas nossas utopias e paixões. Mas a realidade cotidiana é sempre dura, reveladora e cheia de contradições. A vida daqueles que denominamos mestres, educadores, professores, infelizmente, também é triste e desmotivada. Sim, logo aqueles e aquelas dos quais a sociedade ainda espera muito (saber, sabor e sabedoria). Pouco valorizados e feridos em sua dignidade, mas resistem brabamente. A escola tornou-se lugar de onde se espera muitas soluções. Muitas delas estão muito além das demandas de ensino-aprendizagem e das competências a partir das quais a mesma se organiza.

Os professores não deveriam, mas já se acostumaram. Acostumaram a ganhar baixos salários. Acostumaram a ter de trabalhar 60 horas semanais para garantir mais dignidade à sua família. Acostumaram a aceitar todo o tipo de pressão que a sociedade e os governos exercem sobre seu ofício e sobre a escola. E agora, pasmem, alguns já estão se acostumando com a desesperança, que pode ser lida na expressão de seus rostos e de seus olhares. Uma constatação triste, pois sempre foram e são vistos pelos adolescentes e jovens como um alento da esperança.

Nossos professores e nossas professoras estão doentes e estressados. Cuidaram, encaminharam e salvaram vidas alheias, mas não dedicaram o devido tempo para cuidar de sua própria vida. Como contemporiza a escritora Marina Colasanti, “eu sei que a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma”.

Apesar de já terem se acostumado com tantas coisas, a maioria mantém sua missão de semear esperanças. Converse com algum deles e você verá como resistem para não virarem meros números, como quer a burocracia estatal, nas mais recentes investidas, questionando tamanho das salas x número de alunos x carga horária de professores. Muitos deles já pensaram em desistir, mas não conseguiram. “Desistir... eu já pensei seriamente nisso, mas nunca me levei realmente a sério; é que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos, do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça” (Geraldo Estáquio de Souza). Ainda que tomados por mais uma imensa paixão de ensinar e por uma coragem que nem sempre sabemos de onde vem, desejamos compreensão e apoio para dar conta de nossa grande missão de educar.

NEI ALBERTO PIES é professor e ativista de direitos humanos

Tu, Tu Tubarão - Música para trabalhar amizade com a criançada (não sei de quem é)

Flor de EVA por Luana Cassola